Sofro, Lídia, do medo do destino.
A leve pedra que um momento ergue
As lisas rodas do meu carro, aterra
Meu coração.
Tudo quanto me ameace de mudar-me
Para melhor que seja, odeio e fujo.
Deixem-me os deuses minha vida sempre
Sem renovar
Meus dias, mas que um passe e outro passe
Ficando eu sempre quase o mesmo, indo
Para a velhice como um dia entra
No anoitecer.
Ricardo Reis
6 comentários:
Medo porquê, amiga Diabba?
Só a fábula deverá amedrontar-nos, o real somos nós quem o modela e conforma.
Em meu nome e no dos outros Incompreendidos, obrigada pela sua visita.
Sempre gostei muito deste poema de R.R., poruq eé visível, na última estrofe, a queixa que o autor faz de um mau passe numa casa de passe: "Maus dias, neste passe e no outro, etc. etc.". Admirável como consegue vestir com roupas literárias o poderoso efeito de um mau passe "ficando eu sempre quase murcho", etc (passo o resto, para não assustar as senhras decentes que vêm a este blog.
teste
teste
teste
Enviar um comentário