De seguro,
Posso apenas dizer que havia um muro
E que foi contra ele que arremeti
A vida inteira.
Não, nunca o contornei.
Nunca tentei
Ultrapassá-lo de qualquer maneira.
   
Posso apenas dizer que havia um muro
E que foi contra ele que arremeti
A vida inteira.
Não, nunca o contornei.
Nunca tentei
Ultrapassá-lo de qualquer maneira.
A honra era lutar
Sem esperança de vencer. 
E lutei ferozmente noite e dia, 
Apesar de saber 
Que quanto mais lutava mais perdia 
E mais funda sentia A dor de me perder.
Miguel Torga




3 comentários:
Querida Diabba,
O muro aqui deve ser entendido como metáfora, a luta titânica do homem pasto para a morte a rebelar-se contra convenções, conveniências, prudências ou regimes, sem grande preocupação com as traiçoeiras questões zodiacais.
Sabe qual era o ascendente do poeta? É que o nosso colaborador, o Incompreendido Calimero - que só não abrilhantou ainda este blogue por se achar fora do país - é um apaixonado pela astrologia. Seria interessante termos a opinião dele, já que muitas vezes o ouvi pugnar pela importância decisiva do signo ascendente.
Estamos muito gratos pelos seus valiosos contributos.
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