quinta-feira, 14 de junho de 2007

Liberdade


Ai que prazer
Não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
Como tem tempo, não tem pressa...


Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.


Quanto melhor é quando há bruma
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!


Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.


E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa - Poesias Inéditas

5 comentários:

Diabba disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
...HOJE.SOU.A.PAULA disse...

Fernando Pessoa...mais palavras para quê?!

Passa no meu cantinho, tenho um miminho que gostava que aceitasses.

Jinhos

Ácido Cloridrix HCL disse...

Convido-te a votar nas ????? maravilhas do sexo, aqui: http://sexohumorprazer.blogspot.com/2007/06/as-maravilhas-do-sexo.html
Obrigado,,,, HCL

AMOR&TERNURA disse...

Estiro-me no leito preguiçosa,
A música minh’alma embala,
Minha pele só volúpia exala
Recendendo a rubra rosa.

Os sentimentos perdidos em orgia
Fundem-se aos desejos do corpo
E em ebulição me levam ao topo
Do monte da louca fantasia.

Acariciá-me a mão da brisa marinha.
Sonho. Imagens passam lentamente.
Mas o filme termina de repente,
Assusto-me, estou na platéia sozinha...

bjus Ternura...

jorgeferrorosa disse...

Fernando Pessoa, o meu poeta de eleição. Fantástico. Tudo bom para ti.

Abraço
Jorge Ferro Rosa